sexta-feira, janeiro 15, 2010

Fugitivo é preso e denuncia pagamento para investigador para facilitação na fuga

Na noite de quarta-feira (13) foi preso pela Polícia Militar, através das equipes da Rotam e Serviço Reservado, o fugitivo Valmir da Conceição, o ‘Neguinho’, 18 anos. Ele, junto com João Maria Raimundo, confessou ser o autor de um latrocínio – roubo seguido de morte – que acabou tendo como vítima o taxista Valdir Sequinel, o ‘Vardo Sequinel’, que recebeu diversos golpes de faca e foi degolado. Após serem presos, os dois e mais oito presos da Delegacia de Polícia Civil, fugiram no dia 17 de dezembro. Valmir, que foi preso na sua residência, no Caratuva II, interior de Irati, contou que a fuga foi facilitada pelo investigador que estava de plantão na noite, Rui Craveiro de Sá.

"O João tinha dinheiro no banco e alguém passou para ele na delegacia. Nós ligamos aparelhos de som para não ter barulho e cerramos o solário. Eu acho que foi dado dinheiro ou foi comprado algo para o Rui, que é plantão da delegacia”, diz Valmir, que ainda complementou dizendo que se o investigador estava de plantão ele deveria ‘estar de olho’ nos presos.
A prisão de Valmir se deu através de uma denúncia anônima para a PM, que se deslocou para a comunidade em um carro descaracterizado. Em frente a residência do fugitivo estavam alguns de seus parentes, que contaram para o rapaz sobre a presença da polícia. Ele fugiu pela porta do fundo da casa e embrenhou-se em um matagal.
De acordo com o Cabo da PM, Ferraz, da equipe da Rotam, foi feito um cerco ao redor da residência e um policial ficou de campana no mato: “Como ele fugiu descalço e sem camisa, o rapaz teria que voltar para pegar objetos para fugir ou ficar no mato e isso que aconteceu”. Após horas no local, perto das 22h o Soldado Bianco, que estava de campana abordou Valmir e com o apoio do resto da equipe conseguiu prender. O rapaz reagiu e junto com familiares tentaram agredir os policiais. “Perto da casa do rapaz havia residências de outros familiares e tivemos que contê-los para algemá-lo”, relata Ferraz.
Um irmão do até então fugitivo contou que ele estava armado com um revólver calibre 38, mas a equipe da Rotam não localizou a arma de fogo.


A fuga
Após a fuga no dia 17 de dezembro, Valmir da Conceição contou que foi até Ponta Grossa de trem e que quando percebeu que havia pegado o caminho errado, voltou e ficou escondido em um matagal. Ele contou que há 3 dias estava na região do Caratuva II e que tinha voltado para casa para pegar objetos para ficar escondido no matagal.
Valmir disse que não teve mais contato com os outros fugitivos e que quando saiu da Delegacia, os outros já haviam fugido na frente. Ele explicou que foi usada uma corda de pedaços de tecidos amarrados para escaparem.
O comparsa de Valmir, o borracheiro João Maria Raimundo, foi preso por equipes do projeto Povo de Ponta Grossa. Ele e Anderson Romão, que confessou ter atirado e matado a sua namorada Amanda Caroline dos Santos, 15 anos, em maio de 2008, foram flagrados em uma residência no Jardim São Gabriel, na região do Bairro Olarias, em Ponta Grossa. Os dois estão presos no Presídio Hildebrando de Souza, o popular ‘cadeião’ e aguardam a transferência para Irati.
Os dois foram presos quando estavam escondidos em uma casa com mais dois homens e uma mulher. A PM chegou até o local após receberem uma denúncia anônima e na casa encontraram, além dos elementos, uma motocicleta que foi tomada em assalto em Carambeí, sendo que uma mulher, na oportunidade, foi baleada nas costas. Ainda não se sabe se os fugitivos de Irati têm participação nesse crime.
Continuam foragidos Leonildo Silva de Souza, de Prudentópolis – preso por roubo e Leandro Batista Mendes, preso pelo crime de furto.
A população pode colaborar com a Polícia Militar através do telefone 190.


Delegacia
Na manhã dessa quinta-feira (14) a reportagem da Rádio Najuá entrou em contato com o delegado da Polícia Civil de Irati, Osmar de Albuquerque, que explicou que foi aberto um inquérito específico para apurar o que houve na noite do dia 17 de dezembro, quando 10 presos fugiram da DP de Irati. Um inquérito apura a participação de Nivaldo Rigon, conhecido como Juca Rigon, na fuga, já que o mesmo foi visto quando buscava de carro os presos ao lado do muro que pularam da DP, e o outro inquérito instaurado é sobre a conduta e possível facilitação de fuga pelo policial que estava de plantão.
Ele disse que não tem como comentar a denúncia feita pelo detendo Valdemir da Conceição, que relatou em entrevista para a Najuá que houve facilitação da fuga através do investigador Rui Craveiro de Sá. Ele explicou que o detendo e que os outros que fugiram na mesma noite e que foram recapturados serão interrogados sobre o caso.
No dia 18 de dezembro também esteve em Irati o Instituto de Criminalística da Polícia Civil, que contatou que grades foram cerradas do solário e que havia sido utilizada uma corda conhecida como ‘tereza’ (feita com pedaços de pano), e que não há informações que eles escaparam por portas da DP. O laudo ainda não chegou em Irati.
O delegado também falou que será tudo devidamente apurado, desde a conduta do policial/ investigador, até se houve facilitação ou não na fuga e que se sim, o envolvido ou envolvidos, responderão pelo ato.
O investigador atualmente está trabalhando na Polícia Civil de Castro, na região dos Campos Gerais.


O crime
Valmir da Conceição e João Maria Raimundo confessaram terem matado o taxista Valdir Sequinel no dia 27 de outubro do ano passado. O crime teve muita repercussão e chocou a comunidade local e regional devido a brutalidade e violência utilizada. O taxista, que foi degolado, foi encontrado por moradores da comunidade de Assungui, Fernandes Pinheiro, e logo após a equipe do Serviço Reservado da Segunda Companhia efetuou a prisão dos dois elementos na borracharia de João Maria, localizada na BR-277, de onde teve início a situação.
A versão dada por Valmir ao repórter da Rádio Najuá, Tadeu Stefaniak, no dia em que foi preso com seu comparsa, era de que eles mataram o taxista para roubar. Nesta quarta-feira, quando recapturado pela PM, ele disse que João Maria e a vítima discutiram muito e que o problema era de cunho familiar. ‘O taxista mexeu com a mulher do borracheiro em uma corrida e por isso que ele foi morto’, afirmou Valmir.
O rapaz contou que João Maria o convidou para fazer um assalto dizendo que ninguém ia saber e que antes de ligarem para o taxista fazer uma corrida, beberam um litro de bebida alcoólica. Segundo ele o carro foi incendiado porque eles caíram ao lado da estrada rural na Linha Pinho e que não conseguiram mais sair.


Rádio Najuá

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