Fábio Matavelli |
|
O marido de Roseli, Jamiro Pereira, acredita que sua mulher ainda estava viva no caixão |
A família de Roseli Aparecida Pereira, de 42 anos, que faleceu no
último sábado, no Hospital Municipal Amadeu Puppi em Ponta Grossa, em
decorrência de uma parada cardíaca, desconfia que ela ainda estava viva
no velório. Segundo o marido de Roseli, Jamiro Pereira da Silva, durante
o velório, ele notou que a mulher respirava e partes do seu corpo
estavam quentes. "Tenho receio de que ela estava em coma no hospital e
foi dada como morta", afirma.
"Eram duas e meia da madrugada de sábado para domingo e eu estava no
velório com meu filho mais novo. Escutei dois gemidos dela no caixão,
levantei e coloquei a minha mão em sua testa. Neste momento, ela gemeu
pela terceira vez", diz.
Segundo Jamiro, depois de algumas horas, familiares de Roseli
chegaram ao velório e também notaram algo estranho em seu corpo. "Minha
sobrinha pegou na mão dela e reparou que não estava totalmente gelada.
Os dedos da mão não estavam rígidos e partes de seu corpo, como os
braços, estavam quentes e moles", relata.
O marido de Roseli conta que por volta das 13 horas de domingo
colocou o celular no nariz de Roseli e viu que a 'respiração' dela ficou
marcada na tela do aparelho. "Nós também colocamos a mão no pescoço
dela e notamos que havia batimento".
No mesmo momento, a família acionou o Serviço de Atendimento Móvel e
de Urgência (Samu) para constatar se realmente Roseli estava morta. "O
Samu levou 40 minutos para chegar até o local e quando chegou ela já
estava morta. Se eles não tivessem atrasado, talvez alguma coisa poderia
ser feita", lamenta.
De acordo com a diretora do Samu, Ângela Bastos, Roseli sempre esteve
morta. "Nós enviamos uma equipe no local acompanhados de um aparelho
chamado desfibrilador que mede os batimentos cardíacos. O exame mostrou
que realmente ela estava morta", afirma.
Em relação aos sintomas que o corpo de Roseli apresentou durante o
velório, Ângela Bastos explica que é normal o organismo liberar gases
quando começa a se decompor. "Logo que a pessoa morre, o organismo
libera gases que refletem na musculatura. Muitas vezes acontece da
pessoa abrir os olhos, mexer o braço, dando a impressão de que ainda
está viva", explica. "Não é a primeira vez que familiares nos chamam
afirmando que os entes que faleceram ainda estão vivos. Nós sempre vamos
aos locais para verificar", completa.
Segundo o diretor técnico do Hospital Municipal, Pedro Ricardo
Compasso, o corpo de Roseli foi levado para o necrotério do hospital. "O
hospital constatou a morte de Roseli e a levou direto para o
necrotério. Ela já estava em fase de câncer terminal e faleceu em
decorrência de uma parada cardíaca. O fato dos familiares pensarem que
ela estava viva pode estar associado à uma questão emocional", diz.
"É muito triste saber que eu perdi uma companheira, nós éramos muito
unidos. Era uma excelente esposa", lamenta Jamiro ao dizer também que
Roseli deixou três filhos, um menino de 15, uma menina de 12 e o mais
novo de cinco anos.
Pacientes formam filas para atendimento no HM
No final da manhã de ontem, uma fila de pacientes para consulta se
formou no Hospital Municipal. A informação foi repassada ao Jornal
Diário dos Campos por Odete Aparecida Stadler. Segundo ela, seu marido,
Pedro Lione Stadler precisou de uma consulta pois estava com crises de
desmaios e apresentava fraqueza. "Não sei precisar o número de pessoas
que estava na fila para consultar. Mas eram muitas, inclusive, algumas
estavam até deitadas no chão. Saímos do hospital sem consultar", diz. De
acordo com Odete havia dois médicos de plantão no hospital.
Segundo o diretor da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento
Institucional, Científico e Tecnológico da UEPG (Fauepg), Everson Krum,
os pacientes são classificados em urgência e emergência. "Talvez esse
paciente não tenha preenchido os critérios de classificação de risco,
isso significa que a preferência no atendimento foi dada para outros
pacientes que correram risco como derrame, por exemplo.
DC