terça-feira, janeiro 31, 2012

Jornalista morre atropelado por biarticulado em Curitiba

Um acidente de trânsito no início da tarde desta terça-feira (31) matou o jornalista e professor Victor Folquening, de 39 anos, ex-repórter da Gazeta do Povo e professor no curso de Jornalismo das Faculdades Integradas do Brasil (Unibrasil). Folquening foi atropelado por um ônibus biarticulado próximo à sua casa, na esquina das ruas Sete de Setembro e Ângelo Sampaio, no bairro Batel, em Curitiba.
O jornalista foi levado com vida ao pronto-socorro do Hospital Evangélico, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo foi levado ao Instituto Médico-Legal. O velório será realizado na cidade de Campina Grande do Sul, na Funerária Santa Monica (BR-116 sentido São Paulo - rua Pedro Pazza, 8, bairro Jardim Paulista). Estudantes, colegas de profissão e amigos lamentaram o fato pelas redes sociais.
Sindicato lamenta morte de jornalista
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor PR) divulgou nota na tarde desta terça-feira (31) lamentando a morte do jornalista Victor Folquening.
"O Sindijor PR deseja força à família e aos amigos de Victor Folquening, um grande profissional, querido em todos os lugares por onde passou e que valorizava a nova geração de profissionais. Além de buscar alternativas para inovação na profissão e melhoras coletivas aos jornalistas", diz um trecho do comunicado.

Trajetória
O jornalista Victor Emanoel Folquening nasceu em Ponta Grossa, interior do Paraná, em 1973, e estudou Jornalismo na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Ainda como acadêmico, no início dos anos 1990, iniciou carreira na imprensa escrita da cidade, trabalhando em jornais locais e fazendo contribuições para veículos alternativos.
Após a formatura, ingressou na Gazeta do Povo e passou a trabalhar na sucursal de Ponta Grossa – inicialmente como repórter e, mais tarde, como chefe da equipe. Na Gazeta, se destacou pelo estilo arrojado e criativo com que abordava os assuntos. Para provar que a prefeitura da cidade estava expulsando mendigos, vestiu-se com uma roupa suja, enxaguou a boca com cachaça e foi dormir na praça central da cidade. Pouco depois, foi colocado em um ônibus da frota pública e levado até a rodoviária de Curitiba junto com outros moradores de rua. Um de seus trabalhos mais importantes na Gazeta foi uma investigação sobre o envenenamento de trabalhadores rurais em barracões de fumo de Piraí do Sul, nos Campos Gerais.
Também pela UEPG, tornou-se mestre em Comunicação Social e, após quatro anos na Gazeta, passou a se dedicar exclusivamente à carreira acadêmica. Primeiramente, como professor no curso de Jornalismo da própria UEPG. Mais tarde, mudou-se para Curitiba, onde se tornou professor na Universidade Positivo.
A principal característica lembrada por seus alunos era a amplitude de seu conhecimento – ministrava aulas de Teoria da Comunicação, História da Arte, Cinema e Estética e Cultura de Massa. Cinéfilo e ouvinte fanático de jazz, discorria sobre os dois assuntos com paixão, além de participar de debates e escrever artigos sobre os temas. Desenvolveu vários projetos literários e teatrais. É autor do livro “O Jornalismo é um Humanismo”, que se tornou referência e fonte de consulta entre estudantes de graduação na área.
Outra característica marcante era a ironia mordaz que permanecia mesmo quando tratava de assuntos sérios, o que não raro lhe rendia reações coléricas e reprimendas – às quais respondia com mais ironia. Era amigo de infância do cartunista Benett, da Gazeta, com quem elaborava piadas e desenvolvia projetos artísticos.
Em 2006, deixou a Universidade Positivo para assumir o cargo de coordenador do curso de Jornalismo na UniBrasil, onde se notabilizou por desenvolver programas culturais para estudantes, entre eles o Grutun! (Grupo de Teatro Universitário), além de TV e radioweb da instituição.
Recentemente, enquanto fazia doutorado em Ciências da Comunicação na Unisinos, em São Leopoldo (RS), voltou a atuar na imprensa editando o jornal União, de Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba. No periódico, implantou ideias inovadoras para um veículo desse porte, como a série “Frio na Espinha” – um folhetim com histórias de terror que foi adotado como material paradidático nas escolas da cidade. Era o projeto sobre o qual falava com bastante ênfase, e afirmava estar fazendo o trabalho mais recompensador da vida.
Um pouco avesso às mídias sociais, mantinha, entretanto, um blog e uma conta no Twitter (@Victorfolq). Uma de suas últimas postagens foi uma foto em que abraçava o sobrinho recém-nascido. Solteiro, deixa mãe, irmão, sobrinho e namorada.

Gazeta do Povo

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