segunda-feira, fevereiro 25, 2013

COPE prende quadrilha acusada de desviar R$ 40 mi


Patrícia Biazetto - DC
Policiais do Centro de Operações Especiais (COPE) da Polícia Civil prenderam ontem, em Ponta Grossa, a sócia-administradora e diretora do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (Cescage), Júlia Streski, além dos funcionários Ivete Marcowicz (diretora financeira), Zilmari Viechinieski (contadora) e Jorge Karan (consultor), durante uma operação que investiga empréstimos e emissão de notas fraudulentas; falsificação de assinaturas do sócio do Cescage e também vítima das ações criminosas, José Sebastião Fagundes Cunha; lavagem de dinheiro e também tráfico internacional de drogas. Segundo o delegado do COPE, Cassiano Aufiero, além das quatro pessoas já detidas, a polícia cumpriria mais 20 mandados de prisão em Ponta Grossa e Curitiba. Há a possibilidade, no entanto, de mais duas dezenas de pessoas estarem envolvidas no esquema, que já desviou pelo menos R$ 40 milhões, sendo que o valor pode ser ainda maior. O dinheiro desviado era utilizado em benefício particular dos fraudadores, inclusive para a aquisição de veículos e imóveis de luxo.
Ontem pela manhã, policiais estiveram na sede do Cescage para a apreensão de mais documentos e provas que serão submetidas à perícia contábil. Toda a ação foi acompanhada por acadêmicos da instituição, que soma 3 mil acadêmicos e 400 colaboradores. “Essa é uma investigação que poderá ter outros vários desmembramentos”, adianta o delegado. Apesar de a operação ter surpreendido os acadêmicos, Aufiero diz que o objetivo é resguardar o acesso dos alunos ao ensino, evitando que a faculdade se desintegre em meio à investigação.
A polícia acredita que o esquema de fraude estava ocorrendo há quatro anos. As investigações iniciaram há dois meses através de uma denúncia realizada junto à polícia. Todos os detidos, conforme Afiero, ficaram detidos ontem na sede da 13ª Subdivisão Policial (13ª SDP) e seriam encaminhados ontem mesmo à capital do Estado. A prisão temporária expedida pela justiça é de 5 dias, podendo ser prorrogada pelo mesmo tempo. “Mantendo os envolvidos em cárcere é possível levantar mais provas e elementos para o processo, sem que eles interfiram nos trabalhos”, diz. Há a possibilidade de mais pessoas, num total de 22, estarem envolvidas no processo. Outra suspeita da polícia, porém ainda não confirmada, é que a quadrilha tenha envolvimento com o tráfico internacional de drogas, tendo em vista uma prisão que ocorreu recentemente na Argentina.

Comissão vai gerir a instituição de ensino superior
Com a prisão da sócia administradora e diretora do Cescage, Júlia Streski, uma Comissão Provisória foi nomeada, na forma de decisão judicial, para gerir o Cescage e dar continuidade as suas atividades, sem prejuízo, conforme diz a nota emitida à imprensa, a docentes, funcionários, alunos e fornecedores. “Desta forma, o Cescage dará andamento a todas as suas atividades normalmente, garantindo à comunidade o normal funcionamento e o aprimoramento permanente da qualidade do ensino”, finaliza a nota.

Advogado de defesa rebate acusações
O advogado de defesa da sócia-administradora e diretora do Cescage, Roberto Antonio Busato, rebateu ontem todas as acusações feitas contra a sua cliente. Ele disse ao DC que um documento para a realização de um empréstimo foi encaminhado ao outro sócio José Sebastião Fagundes Cunha e voltou assinado. “O documento voltou assinado, porém é preciso investigar se outra pessoa assinou por ele”, diz. O advogado revela ainda que vai entrar com um pedido na justiça para tentar derrubar a ordem do juiz Pedro Luís Sanson Corat, de Curitiba que, na análise dele, extrapolou sua jurisdição. “Ele (juiz) não podia agir como agiu, não tem autonomia de fazer o carnaval que fizeram. Se fosse o caso, deveria ter feito a expedição de uma carta precatória para que as autoridades judiciais de Ponta Grossa fizessem as diligências. Tentaram, numa sexta-feira, destruir um trabalho que estava sendo feito com cuidado pela administradora do Cescage”, defende. Questionado ainda sobre a suspeita da polícia– ainda não confirmada – do envolvimento da quadrilha com o tráfico internacional de drogas, o advogado diz que “essa acusação é um absurdo, não existe isso e, se o fato se confirmar, será uma surpresa”.

Acadêmicos têm receio de encerramento das atividades  Receio. Esse é o sentimento dos acadêmicos do Cescage após a deflagração da operação do COPE ontem pela manhã. A estudante do 5º período do curso de Farmácia, Fernanda Brocci, chegou à instituição na noite de ontem. “Os alunos estão comentando o acontecido e é claro que a situação preocupa”, diz. O receio, segundo ela, é que a instituição de ensino encerre suas atividades e seja necessário transferir o curso. “Alguns cursos que o Cescage oferece têm em outras instituições particulares, mas alguns não, tudo isso gera apreensão”, diz. 

Rodrigo Covolan
O delegado do COPE, Cassiano Aufiero, afirma que o valor desviado no esquema pode ser superior a R$ 40 milhões

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