domingo, fevereiro 24, 2013

MULHER SUSPEITA DE DUPLO HOMICÍDIO




Procura-se Jamila Camargo, moradora em Ipiranga, região dos Campos Gerais.
 
Na noite desta sexta-feira (15), segundo a Polícia Civil, ela é suspeita de ter matado duas pessoas e atingido outras duas, entre elas um bebê de apenas três meses, que está em estado grave e foi encaminhado ao Hospital do Trabalhador, em Curitiba.
 
O caso aconteceu em Ipiranga e a cobrança de uma dívida foi a motivação do crime, de acordo com a polícia.
 
Morreram na hora: Marcos Aurélio de Almeida, de 29 anos, e José Valdecir Nunes, de 36, moradores de Ponta Grossa. Eles foram à Ipiranga cobrar uma dívida de Jamila e do marido dela, Luiz Augusto Ferraz Neves, de 26 anos.
 
A criança de três meses atingida e o pai dela foram vítimas de bala perdida. “Estavam no local errado e na hora errada, mas não correm risco de morrer, a princípio”, contou o delegado Mariano Petrunkon, que investiga o caso.
 
O casal chegava em casa, na rua Josefa Vieira, Bairro Ulisses Guimarães, às 21h15 quando foi abordado por Marco Aurélio de Almeida, 29, e José Valdecir Nunes, 38 – os dois que acabaram mortos. Marco Aurélio e Valdecir, mais o adolescente, foram a Ipiranga supostamente cobrar uma dívida de R$ 5 mil. O valor teria sido pago a Ferraz na compra de duas caminhonetes, que não foram entregues.
 
O delegado da cidade, Mariano Petrunkon, conta que Marco Aurélio e Valdecir estavam armados na intenção de intimidar o devedor, mas que foram surpreendidos pela mulher de Ferraz.
 
“Segundo testemunhas, a esposa dele tirou uma arma da bolsa e efetuou disparos contra esses dois. Nas imediações, uma criança e seu pai foram atingidos e o adolescente entrou em luta corporal com o Ferraz, ficou ferido, foi medicado e liberado para prestar esclarecimentos”, descreve.
 
Um policial rodoviário estadual que mora perto da rua onde os crimes aconteceram teria percebido a confusão e chegou a tempo de conter Ferraz e o adolescente, que estavam em luta corporal, diante dos corpos estendidos.
 
“De início já tem a tentativa de homicídio por parte do preso, que também tentou atirar contra o adolescente, e o duplo homicídio pela mulher, que se evadiu”, confirma Petrunkon.
 
O delegado afirma que Ferraz teria vendido os veículos aos homens de Ponta Grossa, recebido o valor em dinheiro, mas não entregava os carros, supostamente produtos de leilão da Receita Federal. “Por causa de R$ 5 mil, duas pessoas se foram e aquele pai com o bebê acabaram baleados”, lamenta.
 
As três armas recolhidas na cena do crime seriam das vítimas fatais e de Ferraz. São dois revólveres calibre 32 e uma pistola bereta calibre 765. Do revólver com cano curto, seis projéteis foram deflagrados e esta seria a arma de Ferraz. Do outro revólver, uma bala foi deflagrada, o que pode configurar a troca de tiros.
 
“Não se descarta a possibilidade de a suspeita ter fugido com uma arma”, acrescenta Mariano Petrunkon, delegado da cidade. “Fizemos o flagrante do Luiz Augusto Ferraz Neves e ele vai aguardar julgamento preso porque já tem antecedentes criminais. Ele responde por roubo em Ponta Grossa”, informa.
 
Para ele, a mulher deve ter agido no calor da emoção. “Acredito que tenha sido no ‘quente’, temendo o perigo de que o marido fosse ferido, mas tudo será esclarecido nas investigações que seguem agora”, reforça o delegado, que deve pedir a prisão preventiva da moça. Não se descarta ainda que o próprio Ferraz tenha sido responsável pelos tiros que mataram seus cobradores.
 
“Ouvimos algumas testemunhas que relatam a ação da mulher, mas quando os policiais chegaram, ele [Ferraz] afirmou que tinha matado dois. Então temos de averiguar”, pontua. Perícia especializada em balística deverá apontar de que armas partiram os tiros que vitimaram fatalmente os dois homens e acertaram o pai e a criança.
 
Chocante
 
O crime abalou a cidade de Ipiranga, município com menos de 14 mil habitantes. “Por conta desse horário de verão, ainda era cedo e a rua estava bastante movimentada, as pessoas iam passando por ali”, relata o delegado que cuida do caso.
 
Na sua opinião, em três anos à frente da Delegacia da cidade, este foi o crime mais chocante já registrado. “Ano passado tivemos um caso bárbaro também, de um cidadão que escalpelou outro, mas este agora foi mais grave e mais violento”, avalia Petrunkon. “Ao invés de procurar a Justiça para cobrar a conta, acabaram mortos”.
 
O delegado acredita que a suspeita de duplo homicídio vai se apresentar nos próximos dias. Se o crime for denunciado como homicídio qualificado, a pena para a suposta assassina pode variar de 12 a 30 anos de reclusão. “Se ela alegar legítima defesa, por exemplo, e houver entendimento de que se trata de homicídio simples, pode pegar de seis a 20 anos”, completa.
 
Para Ferraz, que por enquanto responde por agressão e tentativa de homicídio do adolescente, a pena é bem menor. “No entanto, ele já tem antecedentes e isso pesa contra ele”, sublinha o delegado, que aguarda a retirada do projétil do corpo do bebê para fazer exame de balística. O caso pode ser levado a júri popular.
 
Acusados já tinham passagem pela polícia
 
Luiz Augusto Ferraz Neves e sua mulher, foragida suspeita de ter cometido o duplo homicídio e por tentativa de homicídio do pai e da criança atingidos, já têm passagem pela polícia. O delegado Marcus Vinicius Sebastião, do 2° Distrito Policial de Ponta Grossa, revela que efetuou prisão em flagrante do rapaz que tem 26 anos, em novembro do ano passado.
 
“Há vários procedimentos, com inquéritos de estelionato contra ele e já o prendi em flagrante porque se passava por policial, usando identificação falsa, para aplicar golpes. E ela se fazia passar por uma representante da Prolar para vender casas em Ponta Grossa, enganando as pessoas. Há vários inquéritos contra ela, mas eram por estelionato. Agora já ficou grave”, conta, acrescentando que estava no plantão que cuidou da prisão de Ferraz nestes novos crimes.
 
A primeira prisão de Ferraz aconteceu em novembro do ano passado, quando junto a outro homem se fazia passar por policial militar para roubar. A dupla dizia pertencer à “P2”, o Serviço Reservado da PM, para abordar as vítimas. Com eles, foram apreendidos dois carros, sirenes, um simulacro de pistola, um coldre e dois rádios-comunicadores.
 
Na ação que culminou com a prisão de Ferraz no ano passado, ele e o comparsa teriam “fechado” o carro de uma vítima, na Avenida Silva Jardim, bairro Oficinas.
 
Eles estavam num Uno e deram voz de abordagem ao motorista, um rapaz de 27 anos. “A vítima relatou que o falso policial que estava no banco do passageiro desceu com um revólver em punho e disse: ‘parado, polícia!’. Enquanto este permaneceu apontando a arma, o outro fez revista pessoal e buscas no carro”, explicou o delegado.
 
A dupla pegou a carteira e depois a devolveu, mandando a vítima “sumir”. “Só que a vítima, ao olhar a carteira, sentiu falta de R$ 100”, diz Marcus. Por conta disso, resolveu chamar a PM.
Luiz Augusto Ferraz Neves, companheiro de Jamila

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