Fábio Matavelli |
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Caminhoneiros prometem continuar movimento até que a lei seja alterada |
Deflagrada na quarta-feira da semana passada, a Parada Nacional de Caminhoneiros e Transportadores de Cargas Autônomos começa a trazer resultados. Representantes de entidades ligadas aos caminhoneiros serão recebidos, hoje, pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e pelo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. O encontro será em Brasília, às 13 horas. Para forçar o governo federal atender as reivindicações da categoria, ontem, os caminhoneiros intensificaram o protesto, com o fechamento de boa parte das estradas e rodovias. Em Castro, a fila de caminhões chegou a 15 quilômetros.
De acordo com o representante do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Neori Leobet, a parada atingiu, nesta segunda-feira, praticamente todas as cidades paranaenses. “Temos piquetes em Palmeira, Pitanga, Irati, Ipiranga, Imbituva, Guarapuava, Prudentópolis, Ponta Grossa, Castro e em dezenas de outras no Paraná. No país, os caminhoneiros estão parados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, entre outros estados”, afirma.
Neori explica que a mobilização continuará até que o ministro dos Transportes apresente uma solução para a lei que regulamenta a jornada de trabalho dos motoristas. “A Parada Nacional chegará ao fim quando o ministro der uma entrevista coletiva anunciando a medida a ser tomada. Aí, sim os caminhoneiros serão liberados para rodar com os caminhões”, fala.
O encontro desta terça-feira, conforme Neori, foi marcado pela ministra Gleisi, por telefone na última sexta-feira. “Ela me telefonou e conversamos. Expliquei que precisamos encontrar uma solução porque do jeito que está não pode ficar. Reconhecemos que a lei não pode ser mudada da noite para o dia, mas confiamos na ministra e no ministro. O que o Paulo nos disser sabemos que ele cumprirá”, diz.
Segundo Neori, os motoristas não são contra a lei que determina jornada de trabalho de oito horas diárias, porém eles cobram do governo federal estrutura para a parada de 30 minutos a cada quatro horas de trabalho. “A lei diz que temos que parar por meia hora após quatro horas, mas se estivermos longe de um posto de combustível em que local iremos parar. Se encostarmos o caminhão na rodovia seremos multados, então como fazer?”, questiona. “Precisamos de segurança nesses pontos de parada”, completa.
Fórum
Outra proposta será a criação do Fórum Nacional do Transporte, reconhecido pelo Ministério dos Transportes. A ideia é que as discussões envolvam os representantes da classe. “Queremos pessoas nesse Fórum que conheçam e saibam o que é o caminhão e a vida do caminhoneiro. Aí, sim conseguiremos fazer um trabalho com dignidade”, avalia.
Representantes apresentam reivindicações
No encontro, os representantes irão questionar o governo federal sobre o salário que será pago aos caminhoneiros. “Será que o empresário terá condição de pagar um salário digno para os caminhoneiros, entre R$ 2.500 e R$ 3 mil por mês, trabalhando oito horas por dia? Acreditamos que o governo federal terá que mexer na carga tributária para que o empresário trabalhando menos tempo com o caminhão tenha condições de pagar um salário justo”, alerta o representante do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), Neori Leobet.
Será pedido, também, a renegociação da dívida dos caminhões. “Quem financiou em 60 vezes e já pagou a metade, por exemplo, como irá pagar agora uma parcela de R$ 6 mil por mês trabalhando menos horas com o caminhão e ganhando menos? Precisamos aumentar o prazo para o pagamento e reduzir a parcela”, explica.
DC
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