sexta-feira, dezembro 18, 2009

Policiais são denunciados pelo assassinato de cinco jovens

Os 13 policiais militares, suspeitos da execução de cinco jovens depois de uma perseguição que começou no Atuba e terminou no Alto do Glória, em Curitiba, no dia 10 de setembro, foram denunciados ontem pelo Ministério Público.

Segundo a versão apresentada pelos policiais, equipes da Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) teriam perseguido o Gol que era ocupado por Davi Leite de Freitas, Josemar Bernardo, Thobias Rosa Lima, Salatiel Aarão Rosa Lima e Éderson Miranda, até eles colidirem num divisor de pistas, na contramão da Rua Nicolau Maeder, no Alto da Glória.
Todos os jovens teriam desembarcado e trocado tiros com os policiais. Dois foram feridos no local e três, segundo eles, correram para um terreno baldio e, em outro confronto, também foram feridos. Todos foram socorridos nas próprias viaturas até o Hospital Cajuru mas morreram em seguida.

Evidências
Entretanto, as investigações realizadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - Gaeco, e também em inquérito policial militar, apontam que os jovens foram executados.
As divergências nas informações prestadas pelos policiais são confirmadas por meio das imagens captadas pelo circuito interno de TV de uma clínica na Rua Nicolau Maeder, que mostra o momento da abordagem e a ação rápida dos policiais.
Em seguida, segundo os promotores de Justiça, pode-se ver um dos rapazes sendo dominado e revistado por um policial e conduzido à viatura policial. O rapaz foi reconhecido como sendo Thobias Rosa Lima que foi morto com seis tiros no peito.
As investigações apontaram também que, além das viaturas da Rotam, outras duas viaturas de área participaram da execução. Elas foram flagradas por um radar da Urbs. O trajeto percorrido por elas ficou registrado no GPS, confirmando a saída da região do Alto da Glória até o Atuba.
No local, onde supostamente aconteceu a execução, foram encontrados dois estojos deflagrados, os quais a perícia demonstrou serem procedentes das armas de dois policiais da Rotam.
Populares ligaram para o 190, noticiando a ocorrência de intenso tiroteio e a presença de policiais militares no Atuba. Por outro lado, nenhuma das testemunhas residentes no Alto da Glória acusou qualquer tiroteio naquela data.
Na denúncia, o Ministério Público afirma que as provas levantadas pelo Gaeco e pelo IPM confirmam que as cinco vítimas foram dominadas e levadas para local ermo, onde foram executadas por motivo torpe, em atitude típica de grupo de extermínio, com emprego de meio cruel e sem qualquer chance de defesa, caracterizando-se todos os cinco homicídios como triplamente qualificados.
Além disso, os policiais também denunciados por crime de fraude processual, por terem tentado confundir a coleta de provas e tentado induzir em erro os responsáveis pela investigação.
Segundo o Gaeco, os policiais chegaram a alterar a cena do crime, retirando alguns estojos que foram deflagrados no Atuba, local das execuções, e jogando-os posteriormente num terreno localizado na Rua Doutor Zamenhof, no Alto da Glória, apontado fraudulentamente como sendo o local do segundo confronto.


Paraná Online

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