segunda-feira, janeiro 11, 2010

Caso Antonio Carlos: causas que levaram ao assassinato, por enquanto, são apenas suposições

Guarapuava - O cenário do crime totalmente preservado pelo cuidado que a Polícia Civil teve quando chegou no local, a investigação rápida e precisa e a confirmação feita pelas imagens registradas pelas câmeras de segurança no circuito interno instalado no Edifício Emiliano viabilizaram em poucas horas a identificação do autor da morte do radialista Antonio Carlos Bernardino.

O crime que aconteceu na madrugada do dia 24 de dezembro de 2009 chocou, principalmente, o meio desportivo do Paraná e a própria polícia. Antonio Carlos respondia pela presidência da Liga de Futebol Amador de Guarapuava há 20 anos e era uma pessoa ligada ao ex-deputado Onaireves Neves, uma liderança desportiva estadual. Também atuava como repórter policial e era âncora do programa Camburão na Tevê Difusora, com formato policial.
O que a polícia não conseguiu descobrir ainda, oficialmente, são as causas que levarem o jovem Audrey Bhurer, 21 anos, a cometer o assassinato. Ele admitiu ser o autor das facadas que mataram Antonio Carlos, mas o fez de forma informal no momento da prisão que aconteceu às 15 horas do dia 23 de dezembro perante a delegada chefe da 14ª Subdivisão Policial, Maritza Haisse e de investigadores. Na Delegacia de Polícia, porém, o depoimento oficial, segundo a delegada chefe, não durou cinco minutos.”Ele (Audrey) se reservou o direito constitucional de permanecer calado e disse que falará somente em juízo”, afirmou Maritza.
O caso da morte de Antonio Carlos, por enquanto, transita no campo das suposições a partir de informações fornecidas por amigos da vítima.
A polícia possui informações, mas também não são oficiais. “Estamos aguardando os laudos sobre os materiais colhidos e encaminhados para perícia em Curitiba e que levam até 30 dias após o envio”, disse a delegada. A contar do dia em que os documentos e provas foram colhidos o resultado deverá chegar até o dia 25 de janeiro de 2010.
“Estamos aguardando também informações do empregador da vítima para ver se ela tinha recebido o salário e o 13º. Se tinha dinheiro e o a quantia sumiu aí o caso se transforma em latrocínio”, disse Maritza.
Segundo o Departamento Financeiro do Grupo Mattos Leão com quem a vítima trabalhava, Antonio Carlos recebeu o 13º salário e valores referentes a comissões sobre vendas publicitárias nos dias 10 e 21 de dezembro (um dia antes do crime). Os valores não foram divulgados.


Relacionamento antigo
De acordo com informações de pessoas ligadas à vítima, cujos nomes serão resguardados a pedidos das fontes, Antonio Carlos e Audrey mantinham um relacionamento há cerca de três anos. A vítima era homossexual.
Muitas são as hipóteses levantadas e que teriam motivado o crime. Uma delas é passional, já que Audrey estaria namorando uma menina; outra seria financeira já que há indícios de que o jovem teria voltado a consumir droga. “O Antonio Carlos detestava essas coisas e até ajudava jovens a se recuperar”, diz um dos amigos da vítima.
Há informações de que um dia antes do crime o jovem procurou a vítima no local de trabalho. Antonio Carlos pediu chamou os comerciais já que estava no ar e pediu que estes fossem estendidos por mais tempo. A noite do crime seria a terceira consecutiva em que o jovem está pernoitando no apartamento da vítima e no dia da morte Audrey já teria voltado ao local na hora do almoço.
No dia 23 de dezembro, conforme informações de pessoas que residem no prédio onde Antonio Carlos morava, a vítima chegou sozinho por volta das 21h30min. Audrey chegou às 23h30min. Desde a chegada até a hora da morte foram apenas 30 minutos, segundo a polícia.
O laudo da necropsia mostra que Antonio Carlos morreu por choque hemorrágico. Ele foi ferido por 12 facadas. “Foram utilizadas duas facas de mesa”, disse a delegada.
Não há informações se o primeiro golpe foi desferido pelas costas e nem em que local do apartamento a briga começou. “O que me chamou a atenção quando chegamos no local era que sobre a mesa havia um copo com leite e bolachas. Havia sangue no teto da cozinha, pelas paredes do corredor. No quarto onde o corpo foi encontrado havia muito sangue”, descreve a delegada.
Antonio Carlos sofreu um corte na garganta, mas foi superficial não atingido a carótida e nem a veia jugular. Apesar de haver pessoas em apartamentos vizinhos ninguém ouviu barulhos ou discussão. “Uma pessoa não estava em casa, outra estava na Internet, outra chegou após as 23h30min”, comenta Maritza.
Pelas imagens captadas pela câmera do circuito interno, Audrey deixou o prédio poucos minutos após ter cometido o crime. “Estava tranqüilo”, avalia a delegada. Ele tinha a calça molhada como se tivesse lavado a peça de roupa e havia pouco sangue na camiseta que pode ter sido manchada pelo próprio ferimento que o agressor tem num dos ombros. Foi direto para casa no núcleo João Paulo II (Morro Alto) e disse à sua mãe que tinha sido vítima de tentativa de assalto.
O celular da vítima foi encontrado num terreno e tinhas as ligações feitas e recebidas apagadas. Uma corrente de ouro que Antonio Carlos usava sumiu. O carro da vítima está detido há tempos na polícia rodoviária por multas. Por enquanto, quem tem as respostas é o próprio Audrey que se mantém calado.


Rede Sul

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