A demolição da atual Cadeia Pública de Guarapuava e a construção de um Centro de Detenção e Ressocialização será o maior desafio do novo delegado-chefe da 14° Subdivisão Policial de Guarapuava, a 14° SDP, Ítalo Biancardi Neto (foto). Ele assumiu o posto na segunda-feira (17), no lugar da delegada Maritza Haisse, transferida para a Delegacia de Homicídios de Curitiba. Para isso, de acordo com o delegado, será necessária a soma de esforços de lideranças políticas e da sociedade civil organizada. ‘É preciso encarar isso tendo como base os direitos humanos; é necessário também quebrar barreiras encarando e convencendo os contrários. É um desafio, principalmente, político, mas se trata de um assunto e de uma situação que precisam ser levantados, discutidos”, defende.
Ítalo, que atuava no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), trabalha em Guarapuava desde 2004 com um intervalo de quatro anos quando ficou fora para retornar em 2008.
Falando com a autoridade de quem conhece a área onde atua, Ítalo aponta fragilidades na Cadeia Pública de Guarapuava, as quais a torna vulnerável às tentativas e fugas, uma situação que coloca em risco a segurança dos moradores.
A superlotação carcerária e as precárias condições das celas são alguns dos pontos fracos apontados pelo delegado.
“Nosso maior problema é a carceragem. Estamos tratando com seres humanos encarcerados e isso é muito complexo porque o espaço é pequeno para muita gente”, afirma.
A Cadeia de Guarapuava possui 32 celas em cada uma das duas alas (A e B), num total de 64 com 6 metros quadrados cada. Em cada uma estão “empilhados” 7 a 8 presos, quando o ideal seria um por cada cela. Mas o equívoco já começou durante a construção das celas quando foram feitas quatro camas, ou “jegas” na linguagem policial, em cada cubículo, num montante de 256 camas feitas em concreto. Nelas residem 293 presos. Alguns deles já estão condenados e deveriam ter sido transferidos para a Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG), de acordo com o delegado. No setor destinado às mulheres, 32 dividem duas celas.
“Essas pessoas vivem em condições subhumanas. A realidade é tétrica, mas somos obrigados a conviver com ela”, afirma.
Segundo Ítalo, o prédio é antigo, inseguro e em função da superlotação carcerária agrava os riscos de tentativas e de fugas.
“O histórico da vida pregressa dos presos mostra que a maioria é reincidente por crimes dolosos e essa situação provoca medo, tira a tranqüilidade das pessoas ”, observa Ítalo. De acordo com o delegado, a falta de atividades e de trabalho agrava a situação. “Todos vivem no ócio. Entendo que deveriam trabalhar duro para sentir na pele a dor, o sofrimento físico. O artesanato é uma recompensa. Muitas vezes o tratamento na Cadeia é brando e quando ganham a liberdade, muitos acabam retornando à prisão por não se sujeitarem a serviços mais forçados”, diz. Soma-se a esse fator a dificuldade do egresso ser aceito no mercado de trabalho.
DESCENTRALIZAÇÃO
Outro desafio que será encarado por Ítalo Biancardi Neto é a descentralização das atividades da 14° SDP.
“Vou repassar responsabilidades e, com isso, tornar o serviço mais dinâmico, valorizando mais o policial civil para que ele possa ter uma convivência mais estreita com seus familiares e que retorne ao trabalho com a energia recarregada”, diz.
SETOR ESPECIAL
A criação do Setor Especial de Combate a Homicídios e ao Narcotráfico é outra intenção do delegado Ítalo Biancardi Neto na sua gestão na chefia da 14° SDP.
Com essa nova divisão, o delegado pretende intensificar as investigações de crimes que ainda não foram esclarecidos.
FONTE: Rede Sul de Noticias
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