A juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros, da Auditoria da Justiça Militar do Rio, condenou quatro policiais militares pelos crimes de extorsão mediante seqüestro, roubo qualificado e extorsão. Por duas vezes, eles exigiram dinheiro de um freqüentador da Vila Mimosa, na Praça da Bandeira. Entre os réus está um oficial PM, o 2º tenente Vítor Alexandre Silveira, condenado a 13 anos e dois meses de reclusão.
Já o cabo Alexandre Roberto dos Santos Rodrigues foi condenado a 18 anos e quatros meses de prisão, o soldado PM Josemir Flávio Pereira a 10 anos e noves meses e o soldado PM Wandercleison Pires dos Santos a 12 anos de reclusão. Todos cumprirão a pena em regime, inicialmente, fechado.
Segundo a juíza, a condenação deve servir de exemplo para os policiais que, assim como os réus, amparados na certeza da impunidade, ainda utilizam suas fardas contra a população indefesa.
“Ante todo o exposto, percebe-se que os acusados, a quem a Constituição da República delegou a preservação da ordem pública, utilizaram-se de suas fardas e do poder ostensivo inerente a sua função para obter vantagens ilícitas, em atuação ainda mais danosa do que aquela perpetrada pelos bandidos que se comprometeram a combater”, completou a magistrada.
Ganhador de uma indenização da SuperVia porque teve sua perna esquerda amputada em um acidente ferroviário, a vítima foi gastar parte do dinheiro com amigos em uma boate da Vila Mimosa. Na madrugada do dia 21 de abril de 2010, ele foi abordado pelo soldado Wandercleison Pires dos Santos e pelo cabo Alexandre Roberto dos Santos Rodrigues. Os policiais lhe deram voz de prisão, alegando que ele era traficante, e passaram a exigir tudo que ele tinha a fim de que não fosse levado para a delegacia de polícia. Diante da ameaça, a vítima entregou R$ 6 mil aos dois PMs.
Na madrugada do dia 28 de abril de 2010, ele foi abordado novamente, na Rua Sotero com a Rua Ceará, na Praça da Bandeira, desta vez pelos dois PMs anteriores e pelo 2º tenente Vítor Alexandre Silveira Araújo e o soldado Josemir Flávio Pereira. Por ser oficial da Polícia Militar, o tenente Vítor Alexandre exigiu R$ 20 mil, quantia superior àquela entregue na data anterior. Como a vítima só tinha R$ 1 mil, eles a mantiveram em seu poder, privando a sua liberdade até o dia amanhecer, momento em que se dirigiram à agência da Caixa Econômica Federal, a fim de que fosse sacado mais R$ 1 mil. O grupo passou a fazer ligações para o celular da vítima acertando a data da entrega do restante do dinheiro. Orientado por um primo policial, ele dirigiu-se à 26ª DP e à Delegacia Policial Judiciária Militar (DPJM), sendo armado o flagrante.
Além dos depoimentos das testemunhas, a juíza considerou em sua decisão imagens do circuito interno de TV da agência bancária, comprovando o saque de R$ 1 mil, além de quebra do sigilo telefônico, comprovando que os réus se comunicavam durante a empreitada criminosa. O oficial Vítor Alexandre Silveira está preso desde o ano passado, assim como os demais PMs.
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