segunda-feira, junho 01, 2009

Expedição vai ao fim do mundo medir gelo


SÃO PAULO - Uma expedição científica vai até o ponto mais remoto do polo norte medir se a camada de “gelo eterno” está ou não derretendo.
Os argumentos de Pen Hadow, um pesquisador da Universidade de Cambridge especialista em meio-ambiente, diz que os métodos usados até hoje para este tipo de cálculo não são confiáveis.
Atualmente, governos, universidades e agências ambientais usam fotos de satélite para analisar se o círculo de gelo está ou não diminuindo e com que intensidade o derretimento/congelamento ocorre no inverno e no verão.
Segundo Hadow, que mantém um site sobre o projeto no ar, as fotos não permitem distinguir o que é gelo e o que é neve e, além disso, não permitem medir o quão sólido é um bloco de gelo. Então, a ideia do pesquisador é ir pessoalmente até os pontos mais remotos do polo norte para medir isso com um radar específico.
A expedição partirá do norte do Canadá rumo ao fim do mundo caminhando e será composta por três cientistas, entre eles Hadow. A viagem é considerada de alto risco e, por isso, o grupo fará uso de sofisticadas ferramentas tecnológicas para garantir seu contato com a base do projeto, em Cambridge.
Médicos vão monitorar dados vitais
Ao longo de todo percurso, que poderá levar mais de um mês, o trio manterá colado ao corpo equipamentos médicos que medem a pressão sanguínea, temperatura corpórea, respiração e pulso. Os dados são transmitidos em tempo real para Cambridge, via conexão por satélite, onde uma equipe médica vai analisar as informações.
Os pesquisadores vão, ainda, caminhar sempre a uma distância média de 20 metros um do outro. O objetivo é que, caso alguém pise em uma placa frágil de gelo, o mesmo não aconteça com os outros, que podem então tentar resgatar o companheiro acidentado.
Ao longo de todo percurso, o trio fará uso de um equipamento chamado Sprite. O dispositivo é uma espécie de computador que emite pulsos de som. O Sprite, então, mede qual a dificuldade que os pulsos têm em penetrar no solo e, a partir deste cálculo, podem dizer qual a densidade de uma placa de gelo, o quanto há de água ou neve em meio ao solo ártico.
Caso se acidentem, os cientistas deverão resistir até que as condições climáticas se tornem favoráveis para que um avião polar possa pousar na região e resgatar os pesquisadores. O hospital mais próximo da expedição fica localizado numa cidade ao norte do Canadá.
Os dados levantados pelo trio podem lançar uma luz sobre a controvérsia em torno da diminuição da calota polar.
Estudos científicos feitos com diferentes métodos afirmam que, se a emissão de gás carbônico na atmosfera continuar crescendo, a camada de “gelo eterno” pode desaparecer em até cinco anos. Outros estudos dizem que este fenômeno levaria 100 anos para se concretizar. Há ainda quem diga que as variações de temperatura no planeta não são significativas a ponto de derreter o gelo polar definitivamente.


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