Preso foge da cadeia com armas da polícia, mata a ex-namorada, a filha dela e depois é achado morto
A pacata Ipiranga, um dos municípios paranaenses com um dos menores índices de violência, situada a 40 quilômetros de Ponta Grossa, se comove e procura
entendimento e conforto para minimizar a dor causada pela desgraça ocorrida na madrugada dessa sexta-feira,na Rua 7 de Dezembro, no Jardim Araucária. Nilcelma
Fátima Gonçalves, 25, e a filha dela Rauane Gonçalves Gasparello, de apenas sete anos, foram feridas a tiros, no interior da própria casa. O autor do duplo homicídio
é o presidiário Júlio da Costa Freitas, 35. Ele também morreu.
Detalhes da tragédia foram relatados nessa manhã de sexta-feira, ao jornal Diário dos Campos, por Ana Lucimara Gonçalves , 25, irmã de Nilcelma e tia da criança. Na porta do Instituto Médico Legal de Ponta Grossa, onde aguardava a liberação dos corpos, ela contou como tudo aconteceu. “O Júlio estava preso há três meses, aproximadamente. Por volta da 1 hora da manhã ele fugiu da cadeia e se dirigiu para a nossa casa. Todos nós estávamos dormindo. Ele arrombou a porta, foi para o quarto delas e fez os disparos. Depois ele fugiu”, conta.
Ana Lucimara se acordou com o primeiro estampido. Ela levantou-se rapidamente e foi ao quarto da irmã e da sobrinha. A cena foi muito forte, segundo avalia. “Os
tiros foram na cabeça. Foram vários disparos.
Provavelmente as duas estavam dormindo quando foram baleadas. A Nilcelma morreu na hora. A Rauane agonizava.Nós a pegamos e levamos para o hospital da cidade. A
menina foi transferida imediatamente para o Hospital Bom Jesus, em Ponta Grossa, mas ela morreu durante a viagem”, diz. “Foi muito horrível o que aconteceu. É algo que a gente nunca mais vai conseguir superar”, complementa.
Edeval Gasparello, tio de Rauane, quer uma apuração rigorosa para esclarecer todos esses fatos. Em seu entendimento, a culpa pela tragédia também cabe à
polícia. “Ele (o Júlio) fugiu com um revólver e uma escopeta pertencentes ao Estado (polícia). Uma dessas armas foi usada para os crimes. Também usou o carro do
carcereiro para ir à casa delas (das vítimas)”, assinala. Para Ronaldo Gasparello, pai da menina, o principal responsável pelos assassinatos não seria quem apertou o gatilho, mai sim quem deveria ter evitado a fuga do criminoso. “O único assassino está solto”, diz, referindo-se ao carcereiro Jair Camargo. Ronaldo
esclarece que não era namorado de Nilcelma e que a criança nasceu de uma relação casual. Quando os corpos de Nilcelma Fátima Gonçalves e da filha Rauane Gonçalves Gasparello entravam no necrotério da seção técnica do IML, por volta das 7 horas da manhã, a polícia de Ipiranga anunciou ter achado o corpo do assassino Júlio da Costa Freitas, na Rua Josefa Vieira, no bairro Mutirão II, a aproximadamente um quilômetro
distante do duplo homicídio. O cadáver encontrava-se na plantação de uma lavoura, conforme informou o perito Henrique Kramek Júnior, do Instituto de Criminalística
de Ponta Grossa. Ele se matou possivelmente com um tiro de escopeta.
O responsável pela Delegacia de Ipiranga é o delegado operacional da 13ª SDP, Rodrigo Cruz. Além do duplo assassinato, ele instaurou uma sindicância para esclarecer as circunstâncias da fuga. As armas roubadas da delegacia já foram apreendidas. Uma delas foi encontrada na residência das vítimas. O carro do carcereiro também foi localizado.
Fuga será apurada pela polícia
Júlio da Costa Freitas, 35, estava preso há aproximadamente 90 dias na cadeia pública de Ipiranga acusado de violência doméstica. Ele teria usado um martelo para agredir a mãe. Usou essa mesma ferramenta para danificar móveis, o imóvel e um carro. A desconfiança de que seria condenado e transferido para Ponta Grossa, o atormentava. A qualquer custo ele tentaria escapar, segundo apurou o Diário dos Campos.
O plano de fuga foi colocado em prática nos primeiros minutos da madrugada dessa sexta-feira. De acordo com informações fornecidas pela PM, Júlio rendeu o carcereiro Jair Camargo com uma barra de ferro no momento em que o funcionário da delegacia conduzia outro detento para a cela. Trancou-o na cela com outros criminosos, foi à sala do delegado e pegou o revólver calibre 38 e a escopeta. Deixou o local com o carro do carcereiro – um Pálio.
A PM soube da fuga casualmente. De acordo com um policial, a equipe havia saído do Destacamento para dar atendimento uma ocorrência de disparo de arma de fogo na Rua 7 de Dezembro, no Jardim Araucária, onde moravam Nilcelma Fátima Gonçalves, 25, e a filha dela Rauane Gonçalves Gasparello. No deslocamento os soldados passaram em frente à delegacia, quando ouviram os pedidos de socorro de Jair Camargo.
Júlio, antes de se fugir da cadeia, teria dito a alguns presos que seguiria diretamente para a casa da família com o intuito de matar a mãe e os três irmãos, a quem responsabilizava pela sua prisão. Entretanto, ele não chegou a cumprir esse roteiro, indo para a residência da ex-namorada. “Nós passamos a madrugada inteira fazendo campana e realizando buscas. Pela manhã soubemos que ele havia se matado”, conta o chefe da Seção de Furtos e Roubos da 13ª SDP, José Carlos Vargas.
Diário dos Campos
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