quinta-feira, junho 04, 2009

Gaeco cumpre mandados em Irati

O Grupo de Atuação de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, que vinha investigando (desde fevereiro de 2008) a ação no Paraná de uma quadrilha de roubos de carga, esteve em Irati no último dia 21 para realizar quatro mandados de busca e apreensão. Também foram presas quatro pessoas em Ponta Grossa; e mais oito mandados de busca a apreensão foram efetuados.
De acordo com um dos integrantes do Gaeco, Tenente Marcelo Viegante, desde 2008, após descobrir o esquema de venda ilegal de armas no Estado, a equipe conseguiu chegar até uma das ações da quadrilha, que era o roubo de cargas na região metropolitana de Curitiba. O Gaeco foi monitorando e investigando essa quadrilha, mas, como não haviam provas, nenhum mandado de prisão fora expedido.
De acordo com o Tenente, a quadrilha era comandada por Márcio Maurício Gomes Molinari, mais conhecido como "Bolota", morador do município de Ipiranga, região dos Campos Gerais. O líder orquestrava a quadrilha sem que os integrantes da mesma se conhecessem. Utilizava para cada crime pessoas diferentes, ao estilo free lancer (trabalho livre); dificultando assim, a ação do Gaeco e a comprovação dos crimes. "Bolota" orquestrou o grupo de maneira empresarial, em que os empresários, compradores dos produtos, os adquiriam sem saber se eram roubados ou não; porém, compravam por um preço bem abaixo do mercado. Dessa forma, o Gaeco foi investigando e mapeando os pontos onde os produtos estavam sendo comercializados.
O Tenente acredita que a quadrilha atua há um ano e meio na região. "A quadrilha funcionava com pessoas dentro das transportadoras, que passavam todas as informações quanto ao destino, valores e características do caminhão e do motorista, para que o roubo pudesse ser realizado", afirma Viegante, dizendo que, na sequência, o líder do esquema contratava uma outra quadrilha, apenas para realizar o roubo das cargas. Para cada furto, uma quadrilha diferente era contratada, para não deixar vestígios.
O líder da quadrilha utilizava o sistema de vendas das mercadorias, alegando aos empresários que os produtos tinham meia nota e abatimentos de impostos da Receita Estadual, o que resultava em um preço baixo. Muitos dos comerciantes caíam no golpe sem identificar se o produto era roubado ou não, mas eram quase sempre impulsionados pela oferta da mercadoria.
"Bolota" tinha conhecimento comercial de várias regiões do interior do Paraná, o que facilitava a venda dos produtos. As investigações também identificaram e prenderam pessoas que forneciam armas e munições para o bando, em Guarapuava e Prudentópolis.
O Gaeco somente divulgará os nomes dos demais envolvidos quando as investigações estiverem totalmente concluídas.

IRATI
Quando é indagado de como a investigação chegou até Irati, Viegante afirma que a quadrilha vendeu para a rede de Supermercados Ivasko, algumas balanças e equipamentos de automação. O foco da investigação, em Irati, era uma empresa de Ponta Grossa que vendia esses produtos aos supermercados da região. Viegante afirma que a vinda do Gaeco foi para buscar os produtos; mas, segundo ele, nada foi encontrado.
O tenente frisa que mais empresas de Irati compraram, sem saber, os produtos dessa empresa de Ponta Grossa. Outro empresário apontado inicialmente como receptador, Fernando Boscardim, que é representante comercial dessa mesma empresa, umas das poucas autorizadas em automação pela Receita Estadual no Estado, apenas comercializava os produtos, sem saber da procedência da mercadoria. Fernando representa várias empresas; e, dentre elas, estava essa empresa de Ponta Grossa, que está sendo investigada.
O Tenente afirma que, em Irati, ainda não há provas comprovadoras da existência de receptação de cargas roubadas, nem de medicamentos, automação ou demais produtos citados nas investigações. Já em Ponta Grossa, foram apreendidos, dentro das farmácias e nas residências dos proprietários, medicamentos oriundos de cargas roubadas. Nos mandados de busca e apreensão realizados em Irati, de acordo com o Tenente, nenhum produto furtado foi encontrado.
Durante a operação Transparaná, o Gaeco cumpriu mandados em várias cidades do interior do Paraná, como Maringá, Ivaiporã, Ponta Grossa e Irati.
O Gaeco pede para que a população, em caso de suspeita, ou se desconfiar de algo, entrar em contato com a equipe, pois seu nome será preservado.

Fonte: Folha de Irati

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